terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Humildade vs Ambição (ou mero desejo, ou objectivo, ou capricho)

Pensando em tudo o que tenho, material e imaterial, só posso chegar à conclusão de que sou uma pessoa muito sortuda. Todos temos saúde! Esse é o bem mais precioso que de facto podemos ter; temos conforto suficiente que nos permita ter os bens essenciais para o nosso bem estar e para o desenvolvimento saudável da nossa filha.
Por isso acho que devia ser mais humilde em relação à vida! Penso também que não há mal em ser ambiciosa, em querer um pouco mais para nós. Em querer regressar para o nosso canto, onde acredito que possamos ser mais felizes, onde sinto que pertencemos. Estando aqui há quase 5 anos, onde a nossa filha tem crescido (desde os 8 meses), tenho obviamente receio que o canto dela seja este (também). A minha urgência no regresso deve-se também a isso.
Penso ainda que só conseguiremos concretizar este objectivo no momento em que me torne mais humilde e aceite de coração aberto o que já temos! Acredito que nesse dia venha o nosso presente.
Não acredito em destino, mas dou por mim a pensar que talvez todos nós tenhamos um percurso de vida já delineado, dependendo sempre da nossa intervenção de acelerar o alcance dos nossos destinos. Se assim for, se o percurso estiver de alguma forma delineado, se estivermos sempre atentos ao que a vida nos vai trazendo e trabalharmos com verdadeira dedicação ao que nos propomos, atingiremos o nosso objectivo. Quero acreditar que sim!
Uma vez o meu pai disse-me que “há males que vêm por bem” e senti dentro de mim que essa é uma das verdades na vida. A minha dificuldade reside em aceitar o que a vida nos oferece porque nem sempre é o que sonho para nós.
Qualquer um de nós tem direito a sonhar, não há mal nenhum nisso, e não há mal nenhum em pretender o melhor para si e para os seus.
Tenho muito receio de estar a querer uma coisa que não seja o melhor para nós. Tenho o maior receio de sair da estabilidade e não conseguir mantê-la. Tenho o maior receio de prejudicar o desenvolvimento da nossa filha.
Não há lugar para três ou quatro pessoas no local onde nasceram?
O ideal é saber conjugar ambição e humildade e manter o sorriso! A dificuldade é conseguir saber conjugar ambição e humildade e manter o sorriso!

Motivação - Projectos


Quase tudo na minha vida, hoje em dia, gira não só à volta da vontade de regresso a Portugal, mas também na necessidade de manter a capacidade de sorrir onde (ainda) estou. Por mim e por quem amo!
E em modo de “new year’s resolution” encontrei uma forma de me motivar enquanto não posso começar a planear a mudança: um projecto estritamente pessoal, sempre com a família como alvo - o crochet. Um projecto imediato.
Esta vontade e gosto sempre estiveram latentes em mim. Não me lembro com que idade fiz o primeiro cachecol. Mais tarde, não sei precisar quando, fiz dois quadros em ponto-cruz. Sempre que as minhas mãos permitiam dedicava-me ao meu trabalho manual.
Pelo menos entre 15 e 18 anos depois regressa a vontade! E esta vontade nasceu de muitas leituras de blogs, do reencontro de pessoas que fizeram parte da minha adolescência e cuja vida profissional passa pelo artesanato, nasceu do acordar do interesse de tudo o que é nacional.
Hoje, lendo http://retrosaria.rosapomar.com/, uma das retrosarias portuguesas que mais gosto, chego mais uma vez à conclusão de que não tenho noção do que faço, e que necessito mesmo de pesquisar e praticar muito.
Mas o que me tem interessado bastante é a riqueza nacional do artesanato português. É a velha história: quanto mais pesquiso, mas sei que nada sei.
Voltando ao crochet, decidi começar por uma peça simples, apenas com dois pontos, mas uma peça longa: uma manta para a minha filha. O facto de ser uma peça longa, e eu não ser uma pessoa paciente, tem-me dificultado a concentração na coisa. Gosto de resultados quase imediatos, com sucesso. Não é o caso da manta!
Posso adiantar que o sucesso parece-me garantido. Dá-me alento que esteja bonito, que venha a ser útil, que os familiares gostem do que estou a fazer. Gosto de manusear o que já está feito.  E aproveito esta sensação de prazer, para ir pesquisando mais sobre o crochet, a sua utilidade para além do prazer. E é difícil. O crochet parece sempre ser remetido para segundo plano do tricot.
E parece-me que é esta dificuldade que me tem trazido ainda mais curiosidade e vontade de aprender a arte do crochet.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

No fim de semana (ou noutro dia qualquer)

Estive uma tarde inteira em casa de uma família iraquiana. Só me é possível ter acesso a este tipo de experiência por estar a viver em Londres. E apesar das óbvias diferen­ças culturais entre mim e a anfitriã, há um denominador comum: a distância às nossas raízes, a falta do sol e as lágrimas.
Ambas sentimos o mesmo: a mesma angústia pela distância do que é verdadeiramente nosso, com o que nos identificamos; ambas reconhecemos que a opção que tomamos nos tem trazido uma estabilidade financeira que não teríamos encontrado nos nossos lugares, no caso iraquiano, uma segurança física também, mas não nos conforta completamente, nem nos seca as lágrimas. E este sentimento não tem nacionalidade, raça, credo. É universal!
A incompreensão dos que ficaram e nos viram partir deixa-nos ainda mais tristes e com vontade de berrar aos quatro cantos do mundo que a estabilidade financeira é importante sim, sobretudo quando temos a responsabilidade da maternidade, mas não é tudo! Claro, é o mais importante, ou não estaríamos nós fora, mas não diminui a dor da distância nem a vontade do regresso. E essa responsabilidade também nos traz uma vontade maior de regressar ao local onde podemos dizer aos nossos filhos onde crescemos, onde são as ruas por onde passeamos tantas vezes. Intuitivamente sonhamos vê-los crescer nos mesmos locais.
Tenho a maior vontade de falar a todos os que estão onde pertencem que aproveitem! Aproveitem bem e sintam-se especiais por isso. Sintam que são privilegiados por poderem pisar o local que vos reconhece. Não somos somente nós que reconhecemos o local onde nascemos. 
A mudança para outro país fez-me amar o meu canto (à beira mar plantado), fez-me ter (mais) orgulho no que sou, nas minhas origens, querer fazer parte dele. Fez-me acordar para o que sou. Faz-me também, por vezes, detestar tudo o que não é meu, repudiar as diferenças e sentir-me sempre deslocada, desconfortável, ter atitudes que sempre critiquei veementemente. A bem da sobrevivência, no entanto, tive de adoptar essas atitudes como defesa rotineira. Porque sou mais uma no meio de tantas outras origens! Sou mais um ser individual que não faz parte de nada.
A mudança para outro país transformou a minha casa. A minha casa passou a albergar um espaço linguístico e territorial imenso e com um sentido mais abrangente, onde entendo os olhares sem precisar de explicações verbais, onde sei reagir sem receios, onde sinto que faço parte.
Se me perguntarem do que não gosto onde estou, não encontro as palavras certas, nem consigo definir o que não gosto. Não gosto de nada, mas sinceramente não tenho razões para não gostar. A razão, essa, não tem tanta importância para mim, porque o que sinto é mais forte, e sinto que não sou daqui.
O meu sentido sul pode ser adiado, pode não acontecer no momento que eu quero, mas está marcado no calendário!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sentido Sul


E pronto. Não doeu, não foi óbvio, mas não doeu!
Não sei bem o que vai sair daqui, mas iniciei o meu Sentido Sul. Quem sabe se não será mais um passo no sentido sul e no sentido do sorriso.
O mês de Fevereiro é-me especialmente querido, é o mês do meu aniversário, talvez por isso hoje sentisse um impulso mais forte para começar o meu espaço virtual. Talvez por isso nem tenha questionado a validade deste passo; dei-o!
E pronto não doeu, não foi óbvio, mas não doeu!
Não sei bem o que vai sair daqui, mas iniciei o meu Sentido Sul!